Existiu o mês de março,
existiu um dia de março, e com ele existiu tanto sentimento dentro de mim.
Naquele dia de março,
eu escutei palavras que eu não queria escutar, essas palavras me doíam tanto,
foram palavras que partiram o coração, destruíram meus planos, meus sonhos.
Transformou minha alegria em tristeza, transformou o que era lindo em algo que
é insuportável de se sentir. Transformou o amor em indiferença. Não há no mundo
sentimento pior do que a indiferença.
Naquele dia de março,
eu sentei no banco do passageiro do carro, escutei tudo o que eu não esperava
escutar, senti meu coração tentar não demonstrar a dor, mas as lágrimas não
conseguiram ficar escondidas. As lágrimas tentaram tocar o chão e trazer algo
bom.
Naquele dia de março,
eu queria sumir, para que ninguém visse a minha dor. Naquele dia de março, eu
desejei encontrar a toca do coelho de Alice para me esconder. Eu tentei fingir
que não havia dor. Eu tentei.
Naquele dia de março, o
céu que era tão azul foi transformado em escuridão. E não havia nada que
pudesse aliviar a dor, ou que pudesse entretê-la para que ela parasse de ficar
dando voltas e voltas no coração.
Naquele dia de março,
eu desejei que alguém ou que um anjo viesse até mim e simplesmente recolhesse o
pedaço do meu coração, onde habitava a dor, e o levasse para longe, para bem
longe de mim e que ela nunca mais voltasse.
Naquele dia de março,
eu vi a “sua necessidade doentia de dar amor e de tirá-lo, que longas foram as
noites quando meus dias giravam ao seu redor, que eu sempre estive rezando para
o chão não cair outra vez, e que eu vivia no seu jogo de xadrez, mas você mudava
as regras todo dia. Eu vi naquele dia de março que eu nunca tinha planejado que
você pudesse mudar o seu pensamento.”
Naquele dia de março,
eu vi que “talvez a culpa seja minha e de meu otimismo cego, do meu jeito de
lidar com o amor. Minha mãe me acusou de ter perdido minha mente, diversas
vezes, mas eu jurei que estava bem.”
Naquele dia de março,
eu pude ver que “você é um expert em desculpas, e manter as linhas borradas.
Seus testes não me impressionam mais. Mas de alguma forma, quando você me disse
tudo naquele dia de março, eu peguei seus fósforos antes que o fogo pudesse me
pegar. Então, não olhe agora, pois eu estou brilhando como fogos de artifício
sobre a sua cidade vazia e triste.”
Naquele dia de março
que você se foi, eu pude perceber, “você não acha que eu era muito nova para
ter mexido? A garota de vestido chorou por todo o caminho de casa. Eu deveria
saber. Você devia saber.”
E naquele dia de março,
eu desejei que você voltasse, e eu não desejei, e eu desejei e não desejei.
Naquele dia de março, você só veio para desajeitar as coisas e me deixar só
para eu tentar reconstruir só um muro que eu tinha derrubado ao me entregar
para você.
Naquele dia de março,
nasceu um novo eu. Um eu que sente dor, e não tem medo de mostrar ao mundo, um
eu que tem sentimentos reais, que não brinca com os outros, que não faz da vida
dos outros um jogo de xadrez, que tem vida, e que a sente, na dor, na
alegria...
Naquele dia de março,
eu fui triste e só.
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