quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Aquele dia de março




Existiu o mês de março, existiu um dia de março, e com ele existiu tanto sentimento dentro de mim.
Naquele dia de março, eu escutei palavras que eu não queria escutar, essas palavras me doíam tanto, foram palavras que partiram o coração, destruíram meus planos, meus sonhos. Transformou minha alegria em tristeza, transformou o que era lindo em algo que é insuportável de se sentir. Transformou o amor em indiferença. Não há no mundo sentimento pior do que a indiferença.
Naquele dia de março, eu sentei no banco do passageiro do carro, escutei tudo o que eu não esperava escutar, senti meu coração tentar não demonstrar a dor, mas as lágrimas não conseguiram ficar escondidas. As lágrimas tentaram tocar o chão e trazer algo bom.
Naquele dia de março, eu queria sumir, para que ninguém visse a minha dor. Naquele dia de março, eu desejei encontrar a toca do coelho de Alice para me esconder. Eu tentei fingir que não havia dor. Eu tentei.
Naquele dia de março, o céu que era tão azul foi transformado em escuridão. E não havia nada que pudesse aliviar a dor, ou que pudesse entretê-la para que ela parasse de ficar dando voltas e voltas no coração.
Naquele dia de março, eu desejei que alguém ou que um anjo viesse até mim e simplesmente recolhesse o pedaço do meu coração, onde habitava a dor, e o levasse para longe, para bem longe de mim e que ela nunca mais voltasse.
Naquele dia de março, eu vi a “sua necessidade doentia de dar amor e de tirá-lo, que longas foram as noites quando meus dias giravam ao seu redor, que eu sempre estive rezando para o chão não cair outra vez, e que eu vivia no seu jogo de xadrez, mas você mudava as regras todo dia. Eu vi naquele dia de março que eu nunca tinha planejado que você pudesse mudar o seu pensamento.”
Naquele dia de março, eu vi que “talvez a culpa seja minha e de meu otimismo cego, do meu jeito de lidar com o amor. Minha mãe me acusou de ter perdido minha mente, diversas vezes, mas eu jurei que estava bem.”
Naquele dia de março, eu pude ver que “você é um expert em desculpas, e manter as linhas borradas. Seus testes não me impressionam mais. Mas de alguma forma, quando você me disse tudo naquele dia de março, eu peguei seus fósforos antes que o fogo pudesse me pegar. Então, não olhe agora, pois eu estou brilhando como fogos de artifício sobre a sua cidade vazia e triste.”
Naquele dia de março que você se foi, eu pude perceber, “você não acha que eu era muito nova para ter mexido? A garota de vestido chorou por todo o caminho de casa. Eu deveria saber. Você devia saber.”
E naquele dia de março, eu desejei que você voltasse, e eu não desejei, e eu desejei e não desejei. Naquele dia de março, você só veio para desajeitar as coisas e me deixar só para eu tentar reconstruir só um muro que eu tinha derrubado ao me entregar para você. 
Naquele dia de março, nasceu um novo eu. Um eu que sente dor, e não tem medo de mostrar ao mundo, um eu que tem sentimentos reais, que não brinca com os outros, que não faz da vida dos outros um jogo de xadrez, que tem vida, e que a sente, na dor, na alegria...
Naquele dia de março, eu fui triste e só. 

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