domingo, 27 de novembro de 2011

Profissões para mulheres?



E hoje eu li um texto de Virgínia Woolf. Confesso que às vezes tenho medo dela por parecer tão irreal e inteligente, e por mostrar tanto a força que  nós mulheres temos.  Eu li “Professions for women” que é uma versão do discurso proferido por Virginia Woolf na National Society for Women’s Service, em 21 de Janeiro de 1931, foi publicado postumamente em "A Morte do Moth e Outros Ensaios." E ela própria afirma que quando a convidaram para tal conferência  sugeriram  ela poderia  dizer algo sobre suas próprias experiências profissionais.  E diz ainda: “É verdade eu sou uma mulher, é verdade que eu sou empregada, mas o que têm experiências profissionais que eu tinha? É difícil dizer. Minha profissão é a literatura.”
Taí! Achei isso lindo. Tocou lá no fundo. Fiquei imaginado as milhares de pessoas que vivem dessa profissão. Me perguntei  se queria ser uma das pessoas adeptas a ela, mas ainda não me obtive resposta alguma. É que escrever livros não é coisa que se diga absurdamente fácil, que dirá livros que agradem a população ledora de bons livros (não vou entrar na discussão sobre o que é bom ou ruim, isto, fica ao seu critério, caro leitor). E me pergunto, e pergunto a você....Existem profissões para mulheres? Existem profissões para homens? Lembro-me que um dia não confiei em uma mulher que me vendia um produto de informática, ela quase me fez comprar um HD para computador ao invés de um para notebook. Se eu tivesse confiado piamente, estaria com um HD órfão, em casa. Enfim... Deixando um pouco de lado esse meu preconceito pela moça da loja, vocês não acham lindo uma mulher vestida de policial? Ou quando passa na TV “A delegada...”, Ou ver uma engenheira por aí, ou sei lá... Os domingos na TV são rodeados de loiras exuberantes, e não apenas por Gugu, Faustão e Celso Portiolli.  E eu acho lindo tudo isso. Mulheres não vivem só de literatura.
Já dizia Virgínia Woolf: “Exteriormente, o que é mais simples do que escrever livros? Exteriormente, o que são os obstáculos para uma mulher e não para um homem? Interiormente, eu acho, o caso é muito diferente, ela ainda tem muitos fantasmas para lutar, muitos preconceitos a serem superados. Na verdade, será um longo tempo ainda, eu acho, antes que uma mulher pode se sentar para escrever um livro sem encontrar um fantasma a ser sacrificado, uma pedra a ser jogados contra. E se isto é assim na literatura, o mais livre de todas as profissões para as mulheres, como é em novas profissões que você está agora pela primeira vez entrar?”
E termino meu texto com uma última citação dela: “eu acho que estes assuntos são questões de extrema importância e interesse. Pela primeira vez na história que são capazes de perguntar-lhes, pela primeira vez, você é capaz de decidir por si mesmo o que as respostas deveriam ser. Eu desejaria ficar e discutir essas questões e respostas -, mas não esta noite. Meu tempo acabou, e eu devo me retirar.”

sábado, 10 de setembro de 2011

O que aprendi na faculdade


                                
                                                             Imagem: Brasão UFPB

Sou concluinte do curso de Letras – Espanhol na UFPB. E este último período nos dá uma sensação muito estranha. Estamos felizes por que o curso está acabando, e ao mesmo tempo estamos tristes, pois aquelas pessoas com quem convivemos tomarão rumos diferentes e cada um seguirá com suas vidas. É um tempo bom que não vai voltar.
Um dia desses recebi um e-mail com uma série de coisas que se aprende no período de faculdade. Estou aqui agora para expor o que EU aprendi na faculdade. Eu aprendi que:

- Você terá que apresentar trabalhos, pois isto ajudará no seu currículo;
- Que você consegue ser bom em tudo até as literaturas aparecerem na sua vida;
- Que as disciplinas que você detesta você vai empurrá-las com a barriga assim como fazia no colégio;
- Que na faculdade existem dois tipos de professores: os que dão aula e os que não sabem dar aula;
- Que os professores que dão aula, são aqueles que sabem o que estão fazendo;
- Que os professores que não sabem dar aula, só querem ganhar o dinheiro e nos deixar mais burros;
- Professores carrascos, a gente vê por aqui;
- Que você não sabe nada de pronúncia até estudar fonética e fonologia;
- Que você não sabe o que diabos é “língua(gem)” até pagar Teorias da Linguística I;
- Que você não sabe nada de História do Brasil quando estuda literatura;
- Que Best – Sellers nunca serão Clássicos;
- Alunos desesperados, a gente vê por aqui;
- Que você não sabe que é capaz até escrever um ensaio em espanhol sobre Don Quijote de La Mancha ou ler Hamlet na versão original;
- Que não se dispensa disciplina, você só aumenta uma nota;
- Que a sua concepção de ensino de língua influencia na sua metodologia e afins;
- Que existem professores que são “a cara da riqueza”;
- Que existem professores que precisam de... um banho;
- Que tem professor que acampa no DLEM;
- Que não existem funcionários homenageados em Letras Estrangeiras (sorriso conta muito pessoal);
- Funcionários mal amados, a gente vê por aqui;
- Você não sabe o que é dar aula para crianças até estagiar na Creche;
- Que a ABRALIN foi a melhor época;
- Que professores de estágio supervisionado te ajudam a se encontrar no curso;
- Que você descobre o que quer da vida no 5° período;
- Que você faz portfólio e isso te faz bem e deixa a professora muito feliz;
- Que você é um vencedor se passar em algumas literaturas;
- Que entra coordenador e sai coordenador e tudo fica na mesma;
- Que se Sr. Chico já não fazia nada em dias normais imagina em greve;
- Que ter a primeira semana de aula é utopia;
- Que eu gastei em xérox o suficiente para comprar uma casa, dois carros e uma viagem pela Europa;
FIM!

sábado, 3 de setembro de 2011

A Cadeira do Contra


“Quando você não tem motivos para olhar para trás, fica fácil seguir em frente.”




Eu sempre andei de ônibus, desde criança. Fui a todos os lugares, de ônibus. Já conheci João Pessoa inteirinha, de ônibus. E há 20 anos essa prática ainda permanece. O que vem acontecendo há alguns anos é que eu simplesmente não posso sentar nas 3 primeiras cadeiras, nem nas últimas. Eu enjôo. Sinto um rebuliço no estômago, um mal estar na garganta.
Só que um belo dia, eu peguei um ônibus e apenas tinha uma cadeira para que eu me sentasse. Era a primeira cadeira. Mas não é uma cadeira normal. É a cadeira do contra. Ela fica virada de frente para os outros dois passageiros, de costas para frente do veículo, ao lado da janela. Como tinha muita gente para entrar e eu não queria ir em pé, pois já havia feito uma longa caminhada e passaria mais de 30 minutos esperando o meu destino, resolvi sentar nesta cadeira. Segurei o meu estômago. Liguei o MP4. E ao embalo da voz de Lea Michelle, eu esperava o restante dos passageiros entrarem.
O ônibus começou a andar. À medida que passava pela rodovia, eu percebia que era interessante enxergar o mundo daquele ângulo. Eu nunca tinha experimentado isto antes. A rodovia era deixada para trás. Todas as escolhas eram deixadas para trás. A vida era deixada para trás. Os minutos eram deixados para trás.
Esse é verdadeiro “sentido” da vida. Os minutos passam e você não pode agarrá-los de volta. Você não pode resgatá-los. Era tão forte isso quando se senta na cadeira do contra. Eu via todas as lojas, casas, calçadas, pessoas... Queria agarrá-las, mas não podia. Simplesmente não podia.
Não podemos voltar no tempo. Nossas vidas vão acontecendo e você simplesmente senta na cadeira do contra e não pode mudar nada, nem tentar agarrar o que já passou. Escolhas são feitas, e não se pode voltar atrás. Os caminhos são vários e você escolhe aquele que mais te convém. Quando você tenta voltar atrás terá que pedir parada. Descer do ônibus.  Esperar que outro chegue. O que provavelmente demorará séculos e você se arrependerá de ter-se arrependido por querer voltar atrás.

- “Queria voltar atrás para consertar as bobagens que fiz”

Resgatar o momento? Será possível? Na época que você fez elas não eram bobagens. Porque voltar agora?  Simplesmente sente-se na cadeira do contra. Veja tudo o que passa na sua frente e você não pode agarrar. Você se sentirá melhor. Verdade pura.
O passado é relativo. Segundos já são passados. Minutos viram meses, horas viram anos, dias tornam-se décadas e meses tornam-se séculos. Estamos em pleno século XXI, quantos séculos mais você quer resgatar? 

sábado, 27 de agosto de 2011

Filosofias de Ônibus


Imagem: Campanha do Twitter 


Quem nunca andou de ônibus na vida, não sabe o que é luta. Primeiro, se você mora longe demais e tem que pegar dois ônibus para chegar ao seu destino, você acorda bem mais cedo do que o resto das pessoas que você conhece. Segundo, porque você tem que aturar todos os celulares que estão ligados às seis da manhã, repito seis da manhã, com funk, forró, gospel, axé, tudo menos uma instrumental para acalmar os ânimos... Terceiro: você vai em pé porque os ônibus já são lotados por natureza, acho que pra ser dono de empresa de ônibus você tem que ter uma frota suficiente para não comportar todos os habitantes do bairro. Quarto, porque você tem que aturar as freadas bruscas do motorista segurando milhões de livros que simplesmente ninguém pede para segurar. Quinto: existem pessoas que ficam passando como se só elas estivessem no ônibus. Sexto, além de tudo isso, se você for como eu, tem que segurar a náusea até que o seu organismo se acostume a estar em um transporte coletivo, tem que abrir as janelas porque as pessoas fecham quando chove e não abrem quando a chuva passa por algum motivo.  
Então, diante de toda esta situação exposta, se você se encontrou em alguma parte destas situações, seja bem-vindo, pois você provavelmente filosofa no ônibus.  Ou você fica escutando aquelas conversas de melhores amigas no ônibus, ou você dorme, ou você fica na sua tentando não se concentrar em nada pensando na morte da bezerra, digo, na vida.
Quando você está no ônibus você lembra de toda a conversa boa que teve no dia anterior com aquela pessoa especial, percebe o seu atraso, percebe que esqueceu de colocar na pasta aquele trabalho importantíssimo, lembra do fora recebido, pensa em como sua vida seria bem melhor se tivesse um carro e começa a se imaginar dirigindo, lembra de como está atrasado de novo e percebe como motorista é devagar, pensa em uma explicação para seu atraso, lembra daquela piada e segura o riso para não acharem você louco, imagina o seu futuro e o vê muito próximo e se assusta, pensa em “dá a louca” e mandar todo mundo calar a boca e descer do ônibus para ter ele todinho só para você e seguir o destino tranquilamente, pensa no que vai acontecer durante o dia e deseja que aconteça de forma diferente. Você conta o que você pensa no ônibus para alguém? Se a resposta for não, é o que digo: certas coisas a gente guarda no coração.
Uma pessoa que passou pela minha vida me deu de presente o livro Alice no país das maravilhas, em uma linda edição. Este livro me encanta e principalmente as filosofias das falas de seus personagens, Absolem (a lagarta) é a filosofia em pessoa, além da personagem mais surrealista de todas, a própria Alice que apesar de ser uma criança tem grandes respostas. Uma das falas que mais me chamam a atenção faz parte do diálogo da Rainha Branca e Alice:
[...]

– “Não adianta tentar, não se pode acreditar em coisas impossíveis”, disse Alice.
– “Com certeza não tem muita prática”, disse a Rainha. “Quando eu era da sua idade, sempre praticava meia hora por dia. Ora, algumas vezes cheguei a acreditar em até seis coisas impossíveis antes do café da manhã.”

Vamos encerrar pensando em seis coisas impossíveis: 1. O ônibus estará vazio e você filosofará tranquilamente; 2. O motorista dirigirá na velocidade ideal; 3. Você não estará atrasado; 4. Você não terá esquecido nada em casa; 5. Não estará chovendo; 6. O dia ideal existe e o país das maravilhas também. 


quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Por que "Sapatilhas da Madrugada"?

Imagem do filme: Cisne Negro 


Você, caro leitor, deve estar neste momento porque diabos eu escolhi esse nome para este blog... Então, agora eu vou explicar o porquê disto para que você não fique por aí divagando...

Sapatilhas na Madrugada... 

Será sobre Ballet? Sobre bailarinas? Sobre passos de Ballet? 

O que acontece durante a madrugada? 

Resposta: provavelmente você dorme, ou fica divagando por aí, ou fica bolando na cama para lá e para cá...

Mas o que de fato acontece é que “na madrugada todo mundo vira poeta, as coisas funcionam de forma diferente porque é nessa hora que as coisas começam a perder a forma.” 

Minhas crônicas que serão escritas neste Blog, geralmente foram/serão escritas nas madrugadas da vida. Onde tudo perde a forma, e você começa a ver o verdadeiro sentido das coisas, e como essas coisas são representadas pelos sentidos (seus e dos outros). Entre no twitter de madrugada e você verá milhões de Clarice(s) Lispector, Shakespeare(s), Caio(s) Fernando Abreu, enfim... Na madrugada os sentimentos afloram, os sentidos despertam e você consegue se expressar, porque aparentemente "não tem ninguém olhando".  

Ok, mas então por que raios o nome é "Sapatilhas da Madrugada" e não "Palavras da Madrugada"?!

Você, querido leitor, consegue perceber uma semelhança entre uma sapatilha e uma palavra?  Já percebeu que em um espetáculo de Ballet as músicas são instrumentais?  Por que?

Porque dança é sentimento. Os passos são as palavras mais profundas, as palavras escondidas da alma. Não sabe o que dizer? Dance. Por isto que em apresentações de Ballet as músicas são apenas instrumentais, as palavras são os passos. Cada passo que se dança quer dizer algo: tristeza, felicidade, agonia... Ao meu ver, a dança é a forma mais sublime de se expressar sentimentos. As nossas palavras são passos. São escolhas que fazemos, são representações da nossa realidade, são vida, são a nossa forma de expressar o que sentimos. 

Terminando agora de justificar o nome do Blog...Espero que você curta as postagens que aqui estarão, e que a partir deste texto, você pense em passos para definir os seus sentimentos. Por fim fica a pergunta: Em que ritmo você se expressa?