sábado, 13 de agosto de 2016

"Só peço a você um favor se puder: Não me esqueça num canto qualquer"






Vejo uma página em branco e me vejo nela.
Tem dias em que tudo vem de uma vez,  e você simplesmente tem que ser forte. Mas, o que significa ser forte, se não ser uma página em branco?
Os momentos em que você mais precisa ser forte, são os mais difíceis e você fica lá, sendo forte, segurando a barra, como se simplesmente não existisse nada, como se fosse uma página em branco, e nada mais importasse. Como se simplesmente a sua fortaleza bastasse, mas não basta, não é mesmo?
Muitas vezes a gente quer simplesmente pegar tudo o que estamos segurando para não desmoronar e deixar que tudo, de repente, desmorone bem na sua frente. E assim deixar que a nossa cara fique ridícula olhando para tudo o que desmoronou, e que não haja nenhuma vontade sequer de pegar tudo de volta, que a única vontade seja a de seguir em frente.
Mas eu continuo achando que ser forte, é ser uma página em branco e deixar que as coisas ridiculamente cheguem, te amassem, te rabisquem, te pintem, te desenhem, e você fica lá, sendo forte.
Porque podem te rabiscar, te pintar, te picotar, te cortar, e você continuará sendo um papel, que não é nada frágil, é mais caro que o Bombril e tem mais de 1001 utilidades.
Não devemos deixar que as coisas cheguem e nos destruam, se eu sou um papel, quero que em mim sejam rabiscadas as mais belas poesias de Vinicius de Moraes, os mais felizes contos de Luis Fernando Verissimo, uma canção do Caymmi, um cordel de Leandro Gomes de Barros. Eu não quero ser só uma página, quero ser muitas, pois sempre que tentarem me rabiscar, eu quero me reinventar e ser um novo capítulo, um novo conto, uma nova estrofe. Não me importa.
Continuarei sendo forte, as palavras que saem de mim valem mais do que as que me atiram com rancor.