sábado, 5 de novembro de 2016

Viva la vida



Era uma noite fria. Nada comum na sua cidade. E ela se sentia muito bem por isso. Ela tinha um sorriso lindo. Ela era linda, mas não sabia disso, ou não acreditava nisso. Assim como deixara de acreditar em todas as coisas que os outros lhe diziam. Afinal, ela já tinha acreditado em mentiras, duas ou três vezes, e isso a machucara. E como machucara. Achava melhor então, ir até o seu lugar favorito da casa onde morava. Onde ela podia esquecer o mundo, ou simplesmente deixar-se levar por ele.  Geralmente ela chegava por lá, com uma xícara, umas folhas de papel, uma caneta, o celular e o fone. Claro aquela música inspiradora não poderia faltar. Resolveu então, escrever. Escreveu tudo que estava sentindo, tudo o que lhe machucara, tudo o que deveria deixar para trás. Escreveu. Releu. Suspirou. Amassou. Mudou a música da playlist. Pegou outra folha. Desenhou. Observou aquele céu nada estrelado, e achou que de repente pertencia aquele mundo, aquele universo. Achou que valeria a pena esperar por alguém que saberia lidar com sua maneira peculiar de ser. Às vezes achava que só ela pensava daquela forma. Se deparava com diálogos que treinava sozinha, ou até mesmo conversava com o céu, divagava sobre a vida. Havia muitas coisas, por mais simples que fossem, a faziam sentir bem, sentir como se fosse a única de alguém. Dizia diversas vezes para ela mesma que seria diferente. Saberia quando seria jogo, saberia a hora de parar, saberia as atitudes que tomaria. E ela sabe que nossa vida é como um livro. Nós escrevemos frases, parágrafos, capítulos. Há vidas que são sagas. Há pessoas que são capítulos, e outras que são duas ou três páginas. Mas nada disso importa. Ela simplesmente sabia que não podia parar de escrever, pois sempre é tempo de iniciar um novo capítulo, um novo parágrafo, uma nova frase, e buscar um novo título. Não importava o que acontecesse, muitas e muitas vezes ela estendia um momento em milhares só pra ver a chuva cair. 

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Deixe-me dizer algo, não desista de você

Eu sei que por diversas vezes na vida nos sentimos tão pequenos. Existem situações que são demais para nossas cabeças, tanto que chegamos a achar que não sabemos de nada. Vemos que todos ao nosso redor já estão bem de vida e sucedidos, mas na verdade, sempre falta algo, sempre estamos em busca de mais e mais. E te garanto, não é só com você! Isso acontece comigo, com sua irmã, com a moça que você encontra na academia, com aquele moço com cara de intelectual que você viu tomando um café sozinho, com aquele senhor de paletó que você viu comprando um Mc Lanche Feliz, com todo mundo.
Deixe-me falar algo, você vai tropeçar e cair, várias e várias vezes. O fato é que estamos em constante aprendizado, e se você acha que todos conseguiram chegar lá menos você, não precisa se desculpar. Desistir nesse caso, é um opção estúpida.
A verdade é que nem tudo se resolve de uma hora pra outra. Às vezes é tanta bagunça dentro de nós, que parece nosso quarto desarrumado. Mas assim como o quarto que temos que nos virar para arrumar, e que por muitas vezes arrumamos no nosso tempo, da mesma forma, é dentro de nós. Leva um tempo.
Deixe-me falar mais uma coisa: VOCÊ ESTÁ PROIBIDO DE DESISTIR!
Quando o problema for trabalhos ou estudos, otimize seu tempo, esforce-se mais! Quando o problema for relacionamentos, ah, "o amor vem para os distraídos", a amizade vem para os raros, famílias tem defeitos, mas o amor é incondicional, mesmo você achando que não.
Sei que por muitas vezes a dor é tão grande que queremos sentir uma dor física para suprir isso, entendo isso. Perfeitamente. Empatia existe. Mas saiba que quando algo não te faz bem, é hora de deixar ir. Sei que existem diferentes tipos de dores: perda de um ente querido, por exemplo é uma delas e eu sei que só porque podemos viver sem alguma coisa, não significa que devemos fazer isso.
Mas, se a pessoa se foi, a dor também vai. Te garanto. Essa dor, vai passar.
Quando passar você vai descobrir que é preciso levantar, amanhecer mais forte. Não desiste. E não morre.
Pelo contrário, vive e brilha cada vez mais.


sábado, 13 de agosto de 2016

"Só peço a você um favor se puder: Não me esqueça num canto qualquer"






Vejo uma página em branco e me vejo nela.
Tem dias em que tudo vem de uma vez,  e você simplesmente tem que ser forte. Mas, o que significa ser forte, se não ser uma página em branco?
Os momentos em que você mais precisa ser forte, são os mais difíceis e você fica lá, sendo forte, segurando a barra, como se simplesmente não existisse nada, como se fosse uma página em branco, e nada mais importasse. Como se simplesmente a sua fortaleza bastasse, mas não basta, não é mesmo?
Muitas vezes a gente quer simplesmente pegar tudo o que estamos segurando para não desmoronar e deixar que tudo, de repente, desmorone bem na sua frente. E assim deixar que a nossa cara fique ridícula olhando para tudo o que desmoronou, e que não haja nenhuma vontade sequer de pegar tudo de volta, que a única vontade seja a de seguir em frente.
Mas eu continuo achando que ser forte, é ser uma página em branco e deixar que as coisas ridiculamente cheguem, te amassem, te rabisquem, te pintem, te desenhem, e você fica lá, sendo forte.
Porque podem te rabiscar, te pintar, te picotar, te cortar, e você continuará sendo um papel, que não é nada frágil, é mais caro que o Bombril e tem mais de 1001 utilidades.
Não devemos deixar que as coisas cheguem e nos destruam, se eu sou um papel, quero que em mim sejam rabiscadas as mais belas poesias de Vinicius de Moraes, os mais felizes contos de Luis Fernando Verissimo, uma canção do Caymmi, um cordel de Leandro Gomes de Barros. Eu não quero ser só uma página, quero ser muitas, pois sempre que tentarem me rabiscar, eu quero me reinventar e ser um novo capítulo, um novo conto, uma nova estrofe. Não me importa.
Continuarei sendo forte, as palavras que saem de mim valem mais do que as que me atiram com rancor.



domingo, 24 de julho de 2016

"Aqui. Agora. Ninguém sabe quem sou eu"

Escrever. Apagar. Escrever. Apagar...
Assim eu estava, antes de começar de vez esse texto. 
Não é sempre que a inspiração vem logo de cara, às vezes demora pra caramba, às vezes ela simplesmente, vem. 
A todo tempo estamos encerrando ciclos e começando outros, e assim a vida segue. Passamos por muita coisa na vida. Nos afastamos de determinadas pessoas e passamos a falar com outras. Mudamos de profissão ou de curso, deixamos aquele emprego que não nos faz crescer profissionalmente. Perdemos entes queridos. Mudamos de casa, de cidade. Terminamos namoros, começamos outros. Decidimos trocar "o de sempre" do nosso restaurante favorito, porque cansamos dele e queremos mudar. Tem dias em que não queremos responder o Whatsapp. Tem dias em que não queremos ver ninguém, mas queremos ver somente uma pessoa, mas ela já não está por aqui. Todo mundo tem um dia atípico que lhe cai ridiculamente bem.  
Não sei se você já passou por isso, mas, o fato de caminhar sozinho pela cidade muitas vezes te conforta. O fato de que: " Aqui. Agora. Ninguém sabe quem sou eu", junto ao silêncio da noite, ou simplesmente junto ao barulho das ondas do mar, e isso te conforta. Você ergue a cabeça, ouve as risadas do outro lado da rua, o som abafado de uma garrafa quebrando, o som alto de um carro passando na rodovia, o tráfego da cidade. Às vezes nos permitimos conhecer os movimentos mais sutis das nossas cidades porque já não dormimos mais.
Muitas vezes queremos falar, falar e falar, e já não conseguimos mais porque de repente nos sentimos cansados e já não nos permitimos mais lutar.
Porém, o que nos resta é que mesmo que consigamos apagar tudo da memória, nós não podemos nos dissociar de certos fatos. Temos que aprender a superar, a lidar com o sofrimento, com a insônia, com os acessos de raiva inoportunos, e nossos intermináveis diálogos internos com alguém que nem existe, ou que simplesmente não está presente. 
Não se preocupe, não há necessidade de tarjas pretas. Nada melhor que uma boa receita caseira: uma caminhada na praia, um pote de sorvete e a sua própria companhia. Se quiser acrescentar uma pitada daquele melhor abraço, vá fundo! Para esta receita não existem regras, não deve ser usada com moderação e, a melhor parte, não há contraindicação!