quarta-feira, 23 de maio de 2012

Entre um pingo e outro





Hoje é um dia em que se deseja tudo, e não se deseja nada. Hoje é um dia em que se deseja brigadeiro, assistir aquele filme, se enrolar no cobertor como se nada mais importasse. Deseja-se chocolate quente, cappuccino, pão de queijo, e até foundue. Aliás, chuva e foundue... huummmmm... Mas nesses dias até se deseja ter dinheiro para pedir comida, não se quer cozinhar, só aproveitar o friozinho como ninguém. E por incrível que pareça, se deseja aquele filme preferido que você assistiu mil vezes. Hoje é um dia que a música universal deveria ser, “The lazy song”, do Bruno Mars, já posso até escutá-la: “ Today I don’t feel like doing anything...” 
É um daqueles dias em que se deseja, não ter nada pra fazer e se divertir na nostalgia da chuva. Ninguém gosta de sair na chuva, sabendo que tem que pegar ônibus. As poças nos afligem. A aflição vem já ao amanhecer, quando não vemos o Sol e sabemos que temos que sair, por obrigação com o guarda-chuva, e empacotados!
Ah, mas não digo... Onde moro basta uma chuvinha e as pessoas saem de casaco de lã, para mostrar o frio, ou será a moda? Só sei que não sei, e é assim. Desde que me entendo por gente.
Eu adoro o frio, mas não gosto de sair na chuva de ônibus, só da tamanha trabalheira que dá subir em ônibus de guarda-chuva, além de enfrentar as poças, sem galochas.
É... querido leitor, é a chuva. Mas, encontrei por aí uma frase que dizem ser de Shakespeare, mas nunca se sabe, né? Então, diz assim: “Você diz que ama a chuva, mas abre seu guarda-chuva quando chove. Você diz que ama o sol, mas você procura um ponto de sombra quando o sol brilha. Você diz que ama o vento, mas você fecha as janelas quando o vento sopra. É por isso que eu tenho medo. Você também diz que me ama.”
E você? O que você ama? Pare um pouco neste dia que traz tantos desejos e pensamentos para nós, entre um pingo e outro a chuva não molha, entre um pingo e outro reflita sobre os teus amores, talvez você dê um jeito de trazê-los com a chuva. 

quinta-feira, 17 de maio de 2012

O dono e o construtor


Era uma vez, uma casa. Uma casa, como todas as outras, tinha uma sala,  quartos, cozinha, varanda... Mas, o homem que construiu esta casa foi expulso pelo seu novo dono.
O novo dono da casa se vangloriava por tê-la, por poder dominá-la e fazer o que bem entendesse. O novo dono da casa usufruiu dela como ninguém, levava muitas pessoas para conhecê-la, oferecia seus quartos para as visitas, e se sentia bem, ao ter pessoas na sua casa. Houve dias, em que a casa estava tão cheia, que ele próprio se sentia só. Ele sentia o desejo de preencher cada espaço da casa com uma pessoa diferente, e foi preenchendo com familiares, parentes, amigos e amores. De vez em quando o construtor ia lá, mas o dono não queria conversar com ele.
Mas chegou o tempo em que essas pessoas foram desorganizando a casa. Quebraram objetos, e a deixavam suja demais, porém, o dono da casa não tinha tempo de cuidá-la, pois tinha muitas pessoas para cuidar. E assim a casa foi se destruindo, as pessoas foram indo embora, pois a casa já não tinha a sua beleza anterior. A casa ficou tão suja e destruída, que seu dono, não conseguia limpá-la. Eis que veio ao encontro do dono da casa, o homem que a tinha construído há muito tempo atrás, bateu a porta e disse:

- Deixe-me entrar, eu apenas quero te ajudar.

O dono da casa a princípio achou que aquilo seria uma babaquice, e pensou até, que talvez o construtor quisesse se apossar dela novamente. Mas, cheio de sabedoria o construtor disse:

-Não te preocupes. Eu vim para que tu descanses.

O dono da casa não entendeu a história a princípio, mas deixou que o construtor o ajudasse, afinal, não conseguiria limpar toda aquela sujeira, sozinho. O construtor lhe pediu a chave da casa e disse que poderia se ausentar por um tempo que ele mesmo cuidaria de tudo. Sendo assim, como o dono queria descanso aceitou a proposta e aproveitou para conhecer as ruas da cidade, já que durante todo este tempo, não havia parado para observar as belezas de onde vivia, pois estava sempre rodeado de gente e não tinha tempo para um passeio sequer.
Assim que o dono se foi, o construtor tirou todos os móveis acabados, e começou a varrer a casa com uma grande vassoura. O trabalho demorou muito, pois havia muita sujeira na casa. Após ter se certificado de que todo o pó havia ido embora, pegou um balde, com água e desinfetante, um rodo e um pano branco e começou a passar pano na casa para que a cerâmica voltasse a ter o seu brilho, foram 3 baldes ou mais, para que ficasse completamente limpo. Sim, o construtor é perfeccionista. Após ter feito esta segunda etapa, partiu para outra, pintar a casa, e a pintou por dentro e por fora, algumas paredes decorativas e outras mais clássicas, tudo para agradar o dono. Depois de pintadas as paredes, era a vez de decorar a casa, com móveis e objetos, e o construtor fez tudo como queria e de forma que o dono ficasse muito feliz. Os primeiros cômodos a ficar prontos foram os quartos, depois a sala, a cozinha e assim foi. Por fim, a casa estava toda limpa, e em perfeito estado. 
Quando o dono voltou se admirou do que via, achava que não merecia aquilo, então perguntou:

- Quanto custa todo este teu trabalho?

- Nada. – Respondeu com tranquilidade o construtor.

- Como nada? Se a casa está em perfeito estado? – Disse o dono da casa.

- Não custa nada. – Falou novamente o construtor.

-Então, o que eu posso fazer para agradecer? – Perguntou o dono.

- O que você achar que deve fazer. –Disse-lhe o construtor.

-Então eu quero que venhas morar comigo, pois me sinto muito só. Preciso de alguém para conversar, e para me ajudar a manter esta casa em perfeita ordem, pois sozinho eu não consigo.

O construtor aceitou a sua proposta e passou a viver na casinha que construiu e com o seu dono. De vez em quando umas pessoas vinham visitar o dono, o construtor às vezes saía para deixá-los à vontade, quando voltava, havia uma pequena bagunça, mas conseguia arrumar a casa normalmente. Conversaram tanto, o dono e o construtor, que até os seus segredos mais obscuros, o dono lhe contava, e não havia nenhum mal nisso. O construtor estava sempre lá, para escutá-lo e ajudá-lo no que fosse preciso. Quando o dono voltava de algum lugar, sempre encontrava a casa mais limpa, quando ele trazia mais alguém às vezes ficava uma sujeirinha, mas ele e o construtor, juntos, iam lá e limpavam. E até hoje é assim, de vez em quando o dono vai lá e limpa uma sujeirinha, e de vez em quando o construtor vai lá e limpa outras.