sábado, 10 de setembro de 2011

O que aprendi na faculdade


                                
                                                             Imagem: Brasão UFPB

Sou concluinte do curso de Letras – Espanhol na UFPB. E este último período nos dá uma sensação muito estranha. Estamos felizes por que o curso está acabando, e ao mesmo tempo estamos tristes, pois aquelas pessoas com quem convivemos tomarão rumos diferentes e cada um seguirá com suas vidas. É um tempo bom que não vai voltar.
Um dia desses recebi um e-mail com uma série de coisas que se aprende no período de faculdade. Estou aqui agora para expor o que EU aprendi na faculdade. Eu aprendi que:

- Você terá que apresentar trabalhos, pois isto ajudará no seu currículo;
- Que você consegue ser bom em tudo até as literaturas aparecerem na sua vida;
- Que as disciplinas que você detesta você vai empurrá-las com a barriga assim como fazia no colégio;
- Que na faculdade existem dois tipos de professores: os que dão aula e os que não sabem dar aula;
- Que os professores que dão aula, são aqueles que sabem o que estão fazendo;
- Que os professores que não sabem dar aula, só querem ganhar o dinheiro e nos deixar mais burros;
- Professores carrascos, a gente vê por aqui;
- Que você não sabe nada de pronúncia até estudar fonética e fonologia;
- Que você não sabe o que diabos é “língua(gem)” até pagar Teorias da Linguística I;
- Que você não sabe nada de História do Brasil quando estuda literatura;
- Que Best – Sellers nunca serão Clássicos;
- Alunos desesperados, a gente vê por aqui;
- Que você não sabe que é capaz até escrever um ensaio em espanhol sobre Don Quijote de La Mancha ou ler Hamlet na versão original;
- Que não se dispensa disciplina, você só aumenta uma nota;
- Que a sua concepção de ensino de língua influencia na sua metodologia e afins;
- Que existem professores que são “a cara da riqueza”;
- Que existem professores que precisam de... um banho;
- Que tem professor que acampa no DLEM;
- Que não existem funcionários homenageados em Letras Estrangeiras (sorriso conta muito pessoal);
- Funcionários mal amados, a gente vê por aqui;
- Você não sabe o que é dar aula para crianças até estagiar na Creche;
- Que a ABRALIN foi a melhor época;
- Que professores de estágio supervisionado te ajudam a se encontrar no curso;
- Que você descobre o que quer da vida no 5° período;
- Que você faz portfólio e isso te faz bem e deixa a professora muito feliz;
- Que você é um vencedor se passar em algumas literaturas;
- Que entra coordenador e sai coordenador e tudo fica na mesma;
- Que se Sr. Chico já não fazia nada em dias normais imagina em greve;
- Que ter a primeira semana de aula é utopia;
- Que eu gastei em xérox o suficiente para comprar uma casa, dois carros e uma viagem pela Europa;
FIM!

sábado, 3 de setembro de 2011

A Cadeira do Contra


“Quando você não tem motivos para olhar para trás, fica fácil seguir em frente.”




Eu sempre andei de ônibus, desde criança. Fui a todos os lugares, de ônibus. Já conheci João Pessoa inteirinha, de ônibus. E há 20 anos essa prática ainda permanece. O que vem acontecendo há alguns anos é que eu simplesmente não posso sentar nas 3 primeiras cadeiras, nem nas últimas. Eu enjôo. Sinto um rebuliço no estômago, um mal estar na garganta.
Só que um belo dia, eu peguei um ônibus e apenas tinha uma cadeira para que eu me sentasse. Era a primeira cadeira. Mas não é uma cadeira normal. É a cadeira do contra. Ela fica virada de frente para os outros dois passageiros, de costas para frente do veículo, ao lado da janela. Como tinha muita gente para entrar e eu não queria ir em pé, pois já havia feito uma longa caminhada e passaria mais de 30 minutos esperando o meu destino, resolvi sentar nesta cadeira. Segurei o meu estômago. Liguei o MP4. E ao embalo da voz de Lea Michelle, eu esperava o restante dos passageiros entrarem.
O ônibus começou a andar. À medida que passava pela rodovia, eu percebia que era interessante enxergar o mundo daquele ângulo. Eu nunca tinha experimentado isto antes. A rodovia era deixada para trás. Todas as escolhas eram deixadas para trás. A vida era deixada para trás. Os minutos eram deixados para trás.
Esse é verdadeiro “sentido” da vida. Os minutos passam e você não pode agarrá-los de volta. Você não pode resgatá-los. Era tão forte isso quando se senta na cadeira do contra. Eu via todas as lojas, casas, calçadas, pessoas... Queria agarrá-las, mas não podia. Simplesmente não podia.
Não podemos voltar no tempo. Nossas vidas vão acontecendo e você simplesmente senta na cadeira do contra e não pode mudar nada, nem tentar agarrar o que já passou. Escolhas são feitas, e não se pode voltar atrás. Os caminhos são vários e você escolhe aquele que mais te convém. Quando você tenta voltar atrás terá que pedir parada. Descer do ônibus.  Esperar que outro chegue. O que provavelmente demorará séculos e você se arrependerá de ter-se arrependido por querer voltar atrás.

- “Queria voltar atrás para consertar as bobagens que fiz”

Resgatar o momento? Será possível? Na época que você fez elas não eram bobagens. Porque voltar agora?  Simplesmente sente-se na cadeira do contra. Veja tudo o que passa na sua frente e você não pode agarrar. Você se sentirá melhor. Verdade pura.
O passado é relativo. Segundos já são passados. Minutos viram meses, horas viram anos, dias tornam-se décadas e meses tornam-se séculos. Estamos em pleno século XXI, quantos séculos mais você quer resgatar?