domingo, 24 de julho de 2016

"Aqui. Agora. Ninguém sabe quem sou eu"

Escrever. Apagar. Escrever. Apagar...
Assim eu estava, antes de começar de vez esse texto. 
Não é sempre que a inspiração vem logo de cara, às vezes demora pra caramba, às vezes ela simplesmente, vem. 
A todo tempo estamos encerrando ciclos e começando outros, e assim a vida segue. Passamos por muita coisa na vida. Nos afastamos de determinadas pessoas e passamos a falar com outras. Mudamos de profissão ou de curso, deixamos aquele emprego que não nos faz crescer profissionalmente. Perdemos entes queridos. Mudamos de casa, de cidade. Terminamos namoros, começamos outros. Decidimos trocar "o de sempre" do nosso restaurante favorito, porque cansamos dele e queremos mudar. Tem dias em que não queremos responder o Whatsapp. Tem dias em que não queremos ver ninguém, mas queremos ver somente uma pessoa, mas ela já não está por aqui. Todo mundo tem um dia atípico que lhe cai ridiculamente bem.  
Não sei se você já passou por isso, mas, o fato de caminhar sozinho pela cidade muitas vezes te conforta. O fato de que: " Aqui. Agora. Ninguém sabe quem sou eu", junto ao silêncio da noite, ou simplesmente junto ao barulho das ondas do mar, e isso te conforta. Você ergue a cabeça, ouve as risadas do outro lado da rua, o som abafado de uma garrafa quebrando, o som alto de um carro passando na rodovia, o tráfego da cidade. Às vezes nos permitimos conhecer os movimentos mais sutis das nossas cidades porque já não dormimos mais.
Muitas vezes queremos falar, falar e falar, e já não conseguimos mais porque de repente nos sentimos cansados e já não nos permitimos mais lutar.
Porém, o que nos resta é que mesmo que consigamos apagar tudo da memória, nós não podemos nos dissociar de certos fatos. Temos que aprender a superar, a lidar com o sofrimento, com a insônia, com os acessos de raiva inoportunos, e nossos intermináveis diálogos internos com alguém que nem existe, ou que simplesmente não está presente. 
Não se preocupe, não há necessidade de tarjas pretas. Nada melhor que uma boa receita caseira: uma caminhada na praia, um pote de sorvete e a sua própria companhia. Se quiser acrescentar uma pitada daquele melhor abraço, vá fundo! Para esta receita não existem regras, não deve ser usada com moderação e, a melhor parte, não há contraindicação!