domingo, 3 de dezembro de 2017

A não crise de um ano solteira

Era setembro. Metade do mês. Semana do meu aniversário. Sim, um ano de solteira.
Não que isso seja algo ruim, pra mim, está sendo maravilhoso. Nem consigo acreditar que consegui passar esse tempo sozinha.
Ano passado quando este fato aconteceu, é óbvio que fui deixada em pedaços, chorei, solucei, emagreci, desapareci, silenciei, e depois de um tempo me reinventei.
O fato é que passar muito tempo com alguém, você acaba mudando muito de si, e chegou um momento da vida que eu não sabia mais quem eu era.
Se alguém me perguntasse: Bela, você gosta de cinema? Eu claramente iria responder: Eu não sei!
Mas não porque eu mudei, mas era que eu não sabia mesmo se gostava ou não. Não sabia mais o que eu gostava de escutar enquanto dirigia, o que eu gostava de fazer com meus amigos, o que eu gostava de fazer quando estava em casa, que tipo de séries eu gostava de assistir, quais os meus bolos favoritos, a minha cor favorita, se as pessoas tinham que me chamar de Bela/ Isa ou Bells, se me fizessem todas essas perguntas, eu não saberia responder, a única que eu teria certeza seria "meus filmes favoritos": Bonequinha de luxo e Orgulho e Preconceito. Que aliás, ele nunca se deu o trabalho de vê-los.
Então eu aproveitei este tempo para ME conhecer, é isso que chama, né? Se conhecer, se amar, se reinventar, se aprender, e tantas outras ações que devemos a nós mesmos.
Foi aí que eu conheci Anavitória, e escutava repetidamente: Agora eu quero ir e Talvez a Deus. E escutando essa primeira canção pude perceber que "eu queria me refazer longe de você". Percebi que gosto de músicas brasileiras e internacionais, percebi que passei muito tempo sem escutar as músicas que eu mais gostava, percebi que odeio quando alguém troca a música que está tocando no meu carro, percebi que meus bolos favoritos são: Cenoura e Brownie, percebi que assistir programas de culinária me acalmam, percebi que eu não tenho só uma cor favorita, as minhas cores preferidas são azul, preto, branco e cinza. Percebi que amo ler e amo ver vídeos no Youtube e que minhas Youtubers favoritas são Jout Jout e Louie Ponto. Percebi que gosto de ir ao cinema, que gosto de muitas séries e não posso ter uma favorita, pois isso seria um desrespeito com as outras. Percebi que qualquer coisa é uma boa coisa pra se fazer com meus amigos, pois eles são ótimos. Percebi que gosto de rebolar a raba, beber, rebolar de novo e beber. Percebi que as pessoas podem me chamar de Isa ou Bela e algumas específicas de Bells. Percebi que se ele ainda estivesse aqui 2017, não teria sido 2017. Não teria me conhecido, não teria conhecido tanta gente, não teria me aberto a tantas oportunidades, pessoas e emoções.
Era pra ser um texto sobre ele, mas acabou sendo sobre mim, porque nada seria mais interessante do que ter certeza que eu agora eu me reconheci de volta, me reaprendi e me aprendo (ainda) todos os dias e não me desmancho mais com um sorriso bobo, porque eu me refiz longe dele.
Se amar que chama, né?

domingo, 3 de setembro de 2017

Plataforma 9 ¾


Essa sexta-feira foi 1 de setembro. O dia em que o filho de Harry Potter caminhava em direção à plataforma 9 ¾  na estação King’s Cross 19 anos depois. No mundo inteiro tinham pessoas relembrando esse fato do livro Harry Potter e as relíquias da morte. Claro, sempre tem aqueles que dizem: “ah, Harry Potter acabou faz tempo”. Se você diz isso, então me explica aquela multidão que apareceu na estação e contou os segundos até as 11h para o trem embarcar?
“Harry Potter e a Pedra Filosofal” foi o primeiro livro que mamãe me deu comprado em livraria. Eu tinha 11 anos. Li em menos de uma semana, no recreio da escola, em casa, no ônibus, etc. Não me importava com o que as pessoas achariam de mim, se eu me isolava para ler, eu só queria estar ali, com o meu mais novo melhor amigo. Cada novo livro que lia, cada novo filme que lançava, depositava uma magia sem fim.  O que é mais mágico é que você é literalmente transportado para a história, não importa. Quando você não pertence a ela, você foge o mais rápido possível, quando você se encontra, fica lá, assistindo em terceira pessoa, ou até mesmo como personagem principal esperando as famosas cenas dos próximos capítulos. E é isso que Hogwarts significa à maioria de seus fãs: um lar. Até mesmo a própria J.K. Rowling falou em um de seus discursos: "Se você volta pela página ou pela tela grande, Hogwarts estará sempre lá para recebê-lo em casa".
Harry, Rony e Hermione. Esses são os nomes que nos acompanharam durante anos, digo até hoje não há um dia sequer em que não lembremos do decorrer de sua história. Queremos ir na Rua dos Alfeneiros, n° 4, queremos dizer “é vingardium leviosa, não leviosaaa”, queremos enfrentar trasgos, assistir quadribol, estudar com Hermione, ir à Hogsmeade, comprar varinha no Olivaras, subir na vassoura, aparatar, participar do Baile do torneio Tribruxo. E o mais importante de tudo, eu quero a magia. Quero as vassouras, quero aparatar, quero o meu patrono, quero a poção polissuco, quero as listrinhas da Grifinória ou Corvinal, a alma. Quero sentir que me livro da dor, que a cada passo deixo um pouco da dor e ela se transforma em poesia. Quero apenas, ser. E se todos nós somos uma página em branco todos os dias? Eu não quero ser só uma página, quero ser muitas, pois sempre que tentarem me rabiscar, eu quero me reinventar e ser um novo capítulo, um novo conto, uma nova estrofe. Não me importa.

263. O número de páginas que me fez sentir a emoção de pertencer a uma história pela primeira vez. O número de páginas de uma história que não precisou lutar para me pertencer. O número de páginas que jamais deixarão de existir dentro de cada um de seus fãs. O número de páginas que sempre me fará dizer que eu estou com o bilhete para o dia 1 de setembro e irei embarcar na plataforma 9 ¾ às 11h. 

quinta-feira, 13 de abril de 2017

O mundo está ao contrário e ninguém reparou?

As pessoas estão mais frias, não há demonstração de afeto. Há na verdade uma luta de "eu não vou demonstrar tanto porque isso me fará bem e eu não irei me machucar." Ou "eu não vou puxar assunto, vou esperar ele puxar." Existe uma vontade de sempre mostrar que as pessoas estão felizes, uma auto afirmação em fotos de instagram. No instagram todo mundo tem uma vida perfeita. Ninguém sofre, ninguém tá sumido. Se você passa um mês sem postar nada, as pessoas já comentam: "Tá sumida". Ai eu me pergunto, as pessoas te procuraram para saber se você sumiu?
Talvez até você tenha sumido mesmo. Porque o melhor da vida está fora das telinhas dos celulares ou computadores. Há uma imensa inversão de valores, onde quem menos demonstra, menos sofre. Onde as pessoas escondem seus sentimentos para não se machucarem. Infelizmente, os abraços, as conversas, o fato de olhar nos olhos estão sendo trocados por mensagens virtuais. Os gestos agora são vídeos, as presenças ou ausências são justificadas com presentes. Almoçamos muitas vezes vendo notícias terríveis na televisão. As guerras muitas vezes não nos assustam mais.
Certa vez, precisei dar uma aula em espanhol sobre propaganda, levei então uma propaganda que o Governo Sírio fez encorajando o turismo na cidade de Aleppo que está em GUERRA! O vídeo mostra uma cidade "perfeita", pronta para receber turistas, e o que mais me chocou foi a música utilizada nesse vídeo que é a trilha sonora da série Game of Thrones. Você pode ver esse vídeo aqui  Perguntei aos meus alunos o que eles sentiram, simplesmente acharam normal a propaganda e não sentiram nada demais. Cara, eu chorei vendo essa propaganda. Como as pessoas não se sensibilizam mais com isso?
Porque as pessoas só pensam em si. Não importa os outros. Porque banalizamos o sofrimento do outro, perdemos nossa sensibilidade. O que importa é se eu estou bem e que foda-se o mundo. 
Ainda digo mais, não é assim que funciona. Não é assim que devemos ser. O mundo precisa de amor, nós precisamos de amor. E não falo só em amor de relacionamento. Falo de amor mesmo. Amor ao próximo, amor e empatia. Empatia com o sofrimento do outro, empatia com a felicidade do outro. A gente deve mesmo é lutar pra ser "um relicário imenso desse amor!"

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Quero ser Amelie Wood

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Eu caminhava pelo shopping, como mais um dia comum, até que entrei na livraria (como sempre faço). Assim que entro, me vejo paralisada, mortificada, boquiaberta, a ponto de ter um mini enfarte. Estava na prateleira dos lançamentos, um livro com uma capa maravilhosa, uma bailarina. Todo mundo sabe que minha grande paixão é o balé. Eu vi aquela capa, tomei o livro em minhas mãos, e o abracei como uma criança abraça sua boneca favorita. Não me importei com o que as pessoas achariam de mim, eu só queria estar ali, com o meu mais novo melhor amigo. Não me aguentei, tinha que levá-lo para casa. Dirigi-me ao caixa, mas a fila estava enorme e, cada segundo parecia se arrastar mais do que atendimento com gerente de banco em primeira semana do mês. Depois de muita espera, comprei o tão sonhado livro, dispensei sacola, já sai da loja lendo.


Cada capítulo fazia meu coração palpitar, e uma sementinha dentro de mim ia se desenvolvendo. O que é mais mágico é que você é literalmente transportado para a história, não importa. Quando você não pertence a ela, você foge o mais rápido possível, quando você se encontra, fica lá, assistindo em terceira pessoa, ou até mesmo como personagem principal esperando as famosas cenas dos próximos capítulos.

Amelie Wood. Esse era nome que se tornou minha amiga de infância durante este tempo de leitura, digo até hoje não há um dia sequer em que eu não sonhe com de seus passos no decorrer de sua história. Não há pra onde correr, se ela queria ser “Beth Levitt” por ter lido Doce acaso. Eu quero se Amelie Wood por ter lido “Quero ser Beth Levitt.” Quero fazer teste de audição, quero conhecer Chris Martin, quero receber mousse de maracujá com bilhetinho do crush, quero participar de gravações de um filme, como papel secundário, posteriormente como papel principal, porque a atriz principal era uma nojenta. Quero dançar no Clube Submerso, quero beijos do crush, quero casar com o crush, quero fazer peças teatrais. E o mais importante de tudo, eu quero dançar. Quero as piruetas, os fouettes, os pliés, os arabesques, a sapatilha de ponta, os tutus, o palco, o coração, a alma. Quero sentir que me livro da dor, que a cada passo deixo um pouco da dor e ela se transforma em poesia. Quero apenas, ser. Dançar é ser! E se todos nós somos uma página em branco todos os dias? Eu não quero ser só uma página, quero ser muitas, pois sempre que tentarem me rabiscar, eu quero me reinventar e ser um novo capítulo, um novo conto, uma nova estrofe. Não me importa.

543. O número de páginas que me fez sentir coisas que jamais sentira antes. O número de páginas que, por diversas vezes, fez lágrimas caírem de tanta emoção. E, eu nunca havia chorado com livros. O número de páginas de uma história que não precisou lutar para me pertencer. O número de páginas que jamais deixarão de existir dentro de mim. O número de páginas que sempre me fará dizer que eu “Quero ser Beth Levitt” da escritora Samanta Holtz.