Eu caminhava pelo
shopping, como mais um dia comum, até que entrei na livraria (como sempre
faço). Assim que entro, me vejo paralisada, mortificada, boquiaberta, a ponto
de ter um mini enfarte. Estava na prateleira dos lançamentos, um livro com uma
capa maravilhosa, uma bailarina. Todo mundo sabe que minha grande paixão é o
balé. Eu vi aquela capa, tomei o livro em minhas mãos, e o abracei como uma
criança abraça sua boneca favorita. Não me importei com o que as pessoas
achariam de mim, eu só queria estar ali, com o meu mais novo melhor amigo. Não
me aguentei, tinha que levá-lo para casa. Dirigi-me ao caixa, mas a fila estava
enorme e, cada segundo parecia se arrastar mais do que atendimento com gerente
de banco em primeira semana do mês. Depois de muita espera, comprei o tão
sonhado livro, dispensei sacola, já sai da loja lendo.
Cada capítulo fazia meu
coração palpitar, e uma sementinha dentro de mim ia se desenvolvendo. O que é mais mágico é que você é literalmente
transportado para a história, não importa. Quando você não pertence a ela, você
foge o mais rápido possível, quando você se encontra, fica lá, assistindo em
terceira pessoa, ou até mesmo como personagem principal esperando as famosas
cenas dos próximos capítulos.
Amelie
Wood. Esse era nome que se tornou minha amiga de infância durante este tempo de
leitura, digo até hoje não há um dia sequer em que eu não sonhe com de seus
passos no decorrer de sua história. Não há pra onde correr, se ela queria ser “Beth
Levitt” por ter lido Doce acaso. Eu
quero se Amelie Wood por ter lido “Quero
ser Beth Levitt.” Quero fazer teste de audição, quero conhecer Chris
Martin, quero receber mousse de maracujá com bilhetinho do crush, quero
participar de gravações de um filme, como papel secundário, posteriormente como
papel principal, porque a atriz principal era uma nojenta. Quero dançar no
Clube Submerso, quero beijos do crush, quero casar com o crush, quero fazer
peças teatrais. E o mais importante de tudo, eu quero dançar. Quero as
piruetas, os fouettes, os pliés, os arabesques, a sapatilha de ponta, os tutus,
o palco, o coração, a alma. Quero sentir que me livro da dor, que a cada passo
deixo um pouco da dor e ela se transforma em poesia. Quero apenas, ser. Dançar
é ser! E se todos nós somos uma página em branco todos os dias? Eu não quero
ser só uma página, quero ser muitas, pois sempre que tentarem me rabiscar, eu
quero me reinventar e ser um novo capítulo, um novo conto, uma nova estrofe.
Não me importa.
543. O número de
páginas que me fez sentir coisas que jamais sentira antes. O número de páginas
que, por diversas vezes, fez lágrimas caírem de tanta emoção. E, eu nunca havia
chorado com livros. O número de páginas de uma história que não precisou lutar
para me pertencer. O número de páginas que jamais deixarão de existir dentro de
mim. O número de páginas que sempre me fará dizer que eu “Quero ser Beth Levitt”
da escritora Samanta Holtz.