domingo, 16 de dezembro de 2012

Stonehenge




Aqui eu estou em mais uma tarde vazia, lembrando daquele dia mágico que nos conhecemos. Entramos pela mesma porta e nos ajoelhamos um do lado do outro. Não estava frio, mas eu me sentia em casa. Cansados, nos sentamos no chão, e todo aquele espetáculo que havia ao nosso redor não parecia importar. Havia tanta gente para abraçar, mas você veio.
Alguns dias depois você me disse algo sobre ser tão frio e fechado que não teria capacidade de ir até mim, mas você foi. E você se lembra disso muito bem. Mas eu não lembro a música que tocava, enquanto nos abraçávamos. Ambos fingíamos não sentir dor. Mas eu jamais esqueceria a forma como você se moveu, me abraçou tentando arrancar a minha dor. Eu nunca vou esquecer aquele abraço. Foi o começo. Uma grande ligação começou. Foi como se fôssemos feitos da luz das estrelas, como se sonhássemos coisas impossíveis.
Algumas semanas depois nós estávamos sentados na praia, e ríamos dos sorrisos falsos deles e de seus grandes carros com músicas horrendas. Você me contou histórias da sua infância, das suas viagens, dos seus jogos e do seu café preferido. E eu te contei histórias sobre músicas, comidas, meus interesses futuros, e sobre a preguiça que nos impede de cometer os outros 6 pecados. E havia algo sobre a lua e a estrela naquela noite e isso nos incomodava, mas não era ruim e não havia nada de mal nisso. Chegava a ser engraçado. E lá vinha você com as suas teorias sobre os céus, as estrelas e as galáxias. “Não somos nada comparados ao tamanho do universo”, você me disse. Eu consigo lembrar disso, e eu fiquei bem.
Às vezes eu me pergunto se eu fiz muitas perguntas, e eu realmente me importo se te atrapalho ou não. Adorei o dia que você me falou dela, parece que agora ficou mais sólido e podemos compartilhar mais. E era 01:59 da manhã, quando você simplesmente me agradeceu por tudo, de todo o seu coração, e meus olhos ficaram marejados. Talvez, você tenha visto algo errado, mas esse é o meu jeito estúpido de dizer: “Ei, estou aqui e quero sua amizade”. Porque eu nunca encontrei alguém que apenas pudesse me abraçar e levar a dor embora, como você fez naquela noite. E eu ainda procuro entender porque cargas d’água eu me sentia como um papel amassado, e vem à minha mente que talvez aquele sentimento não me pertencia.
E tudo o que aconteceu foi real, onde nós estávamos naquela noite. Eu me lembro disso. E era estranho e mágico. E você estava lá. E nós nos lembramos disso tudo muito bem. E hoje eu te digo “Você passará a vida toda cantando músicas tristes se continuar a pensar desta forma.” Você não vê a luz das estrelas? Você não sonha coisas impossíveis? “Mesmo quando tudo parecer estar indo pro caminho errado, estaremos juntos.”    

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Please, don't be in love with someone else





Eles caminhavam pelas ruas da cidade fria, parecia que a dor não os pertencia. Parecia que tudo não importava, parecia que tudo precisava ir, e só eles mereciam ficar. Naquela noite, tudo foi real, absolutamente tudo. Ele desejava que ela soubesse disso, e como desejava. Ela tinha tantos sentimentos dentro de si que simplesmente queria que ele estivesse ali, e só.
Enquanto se abraçavam o mundo, ao seu redor, os sufocava de uma maneira tão sutil, que eles mal puderam perceber, afinal, eram os dois apenas, e nada mais importava. Aquela noite ficou gravada em seus corações e pensamentos, de uma forma tão doce e cortante, que até hoje é assim.
Ele teve o melhor dia de sua vida. Ele tem plena certeza disso. Ela apenas não queria saber de mais nada, se ele estava ali, era o que importava, apesar da dor que a consumia durante este tempo, agora tudo parecia diferente. Agora ele estava lá. E ela queria ser para ele a válvula de escape, seu porto seguro, a sua fortaleza. E ele sabe que ela conseguiu, mas ela não tem tanta certeza disso. E agora é o momento em que ele toma toda a coragem que não tem dentro de si, e procura alguma forma de fazê-la acreditar que nada mais importa. Só ela.
Ele não consegue escutar o nome dela de tão suave que parece, enquanto isso, ela toma um café. Ele conseguia fazê-la lembrar todos os dias porque cargas d’água ela se apaixonou por ele. E ele tinha medo. Ela “tinha mania de fugir sempre que algo acusava que iria dar certo, não por medo... pensando bem, talvez até fosse.” Ela aprendeu que a melhor maneira de evitar um coração quebrado, é agir como se não tivesse um. E às vezes ela desejava flores, e não as desejava, enquanto ele escrevia uma canção, ou algum texto de amor, sobre os dois, acreditando que tudo fosse mudar algum dia. Havia uma pergunta persistente, que a mantinha acordada às 02:00 da manhã: “quem você ama?”. E ela ficava para lá e para cá, desejando que ele estivesse na sua porta, ela iria abrir e ele diria: “Ei, fiquei encantado em conhecê-la.” E ele queria dizer que é muito difícil não ligar para ela, que ele queria correr para os seus braços, e que toda hora que ele não liga, ele quase consegue. Ele quase consegue.
E esta sou eu rezando para que seja a primeira página, não onde a história termina. Porque meus pensamentos vão ecoar os nomes deles até eu os ver de novo. Estas são as palavras que eu queria dizer para ela, quando eu fui embora cedo demais. Eu estava encantada em conhecê-los. E eu sei que não é tão fácil quanto cantar uma música dos Beatles, ou aprender um solo novo do John Mayer. Porém, não se pode passar a eternidade se perguntando se ela sabia, ou se ele sabia. Por favor, não se apaixonem por outra pessoa. 

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Aquele dia de março




Existiu o mês de março, existiu um dia de março, e com ele existiu tanto sentimento dentro de mim.
Naquele dia de março, eu escutei palavras que eu não queria escutar, essas palavras me doíam tanto, foram palavras que partiram o coração, destruíram meus planos, meus sonhos. Transformou minha alegria em tristeza, transformou o que era lindo em algo que é insuportável de se sentir. Transformou o amor em indiferença. Não há no mundo sentimento pior do que a indiferença.
Naquele dia de março, eu sentei no banco do passageiro do carro, escutei tudo o que eu não esperava escutar, senti meu coração tentar não demonstrar a dor, mas as lágrimas não conseguiram ficar escondidas. As lágrimas tentaram tocar o chão e trazer algo bom.
Naquele dia de março, eu queria sumir, para que ninguém visse a minha dor. Naquele dia de março, eu desejei encontrar a toca do coelho de Alice para me esconder. Eu tentei fingir que não havia dor. Eu tentei.
Naquele dia de março, o céu que era tão azul foi transformado em escuridão. E não havia nada que pudesse aliviar a dor, ou que pudesse entretê-la para que ela parasse de ficar dando voltas e voltas no coração.
Naquele dia de março, eu desejei que alguém ou que um anjo viesse até mim e simplesmente recolhesse o pedaço do meu coração, onde habitava a dor, e o levasse para longe, para bem longe de mim e que ela nunca mais voltasse.
Naquele dia de março, eu vi a “sua necessidade doentia de dar amor e de tirá-lo, que longas foram as noites quando meus dias giravam ao seu redor, que eu sempre estive rezando para o chão não cair outra vez, e que eu vivia no seu jogo de xadrez, mas você mudava as regras todo dia. Eu vi naquele dia de março que eu nunca tinha planejado que você pudesse mudar o seu pensamento.”
Naquele dia de março, eu vi que “talvez a culpa seja minha e de meu otimismo cego, do meu jeito de lidar com o amor. Minha mãe me acusou de ter perdido minha mente, diversas vezes, mas eu jurei que estava bem.”
Naquele dia de março, eu pude ver que “você é um expert em desculpas, e manter as linhas borradas. Seus testes não me impressionam mais. Mas de alguma forma, quando você me disse tudo naquele dia de março, eu peguei seus fósforos antes que o fogo pudesse me pegar. Então, não olhe agora, pois eu estou brilhando como fogos de artifício sobre a sua cidade vazia e triste.”
Naquele dia de março que você se foi, eu pude perceber, “você não acha que eu era muito nova para ter mexido? A garota de vestido chorou por todo o caminho de casa. Eu deveria saber. Você devia saber.”
E naquele dia de março, eu desejei que você voltasse, e eu não desejei, e eu desejei e não desejei. Naquele dia de março, você só veio para desajeitar as coisas e me deixar só para eu tentar reconstruir só um muro que eu tinha derrubado ao me entregar para você. 
Naquele dia de março, nasceu um novo eu. Um eu que sente dor, e não tem medo de mostrar ao mundo, um eu que tem sentimentos reais, que não brinca com os outros, que não faz da vida dos outros um jogo de xadrez, que tem vida, e que a sente, na dor, na alegria...
Naquele dia de março, eu fui triste e só.