sábado, 27 de agosto de 2011

Filosofias de Ônibus


Imagem: Campanha do Twitter 


Quem nunca andou de ônibus na vida, não sabe o que é luta. Primeiro, se você mora longe demais e tem que pegar dois ônibus para chegar ao seu destino, você acorda bem mais cedo do que o resto das pessoas que você conhece. Segundo, porque você tem que aturar todos os celulares que estão ligados às seis da manhã, repito seis da manhã, com funk, forró, gospel, axé, tudo menos uma instrumental para acalmar os ânimos... Terceiro: você vai em pé porque os ônibus já são lotados por natureza, acho que pra ser dono de empresa de ônibus você tem que ter uma frota suficiente para não comportar todos os habitantes do bairro. Quarto, porque você tem que aturar as freadas bruscas do motorista segurando milhões de livros que simplesmente ninguém pede para segurar. Quinto: existem pessoas que ficam passando como se só elas estivessem no ônibus. Sexto, além de tudo isso, se você for como eu, tem que segurar a náusea até que o seu organismo se acostume a estar em um transporte coletivo, tem que abrir as janelas porque as pessoas fecham quando chove e não abrem quando a chuva passa por algum motivo.  
Então, diante de toda esta situação exposta, se você se encontrou em alguma parte destas situações, seja bem-vindo, pois você provavelmente filosofa no ônibus.  Ou você fica escutando aquelas conversas de melhores amigas no ônibus, ou você dorme, ou você fica na sua tentando não se concentrar em nada pensando na morte da bezerra, digo, na vida.
Quando você está no ônibus você lembra de toda a conversa boa que teve no dia anterior com aquela pessoa especial, percebe o seu atraso, percebe que esqueceu de colocar na pasta aquele trabalho importantíssimo, lembra do fora recebido, pensa em como sua vida seria bem melhor se tivesse um carro e começa a se imaginar dirigindo, lembra de como está atrasado de novo e percebe como motorista é devagar, pensa em uma explicação para seu atraso, lembra daquela piada e segura o riso para não acharem você louco, imagina o seu futuro e o vê muito próximo e se assusta, pensa em “dá a louca” e mandar todo mundo calar a boca e descer do ônibus para ter ele todinho só para você e seguir o destino tranquilamente, pensa no que vai acontecer durante o dia e deseja que aconteça de forma diferente. Você conta o que você pensa no ônibus para alguém? Se a resposta for não, é o que digo: certas coisas a gente guarda no coração.
Uma pessoa que passou pela minha vida me deu de presente o livro Alice no país das maravilhas, em uma linda edição. Este livro me encanta e principalmente as filosofias das falas de seus personagens, Absolem (a lagarta) é a filosofia em pessoa, além da personagem mais surrealista de todas, a própria Alice que apesar de ser uma criança tem grandes respostas. Uma das falas que mais me chamam a atenção faz parte do diálogo da Rainha Branca e Alice:
[...]

– “Não adianta tentar, não se pode acreditar em coisas impossíveis”, disse Alice.
– “Com certeza não tem muita prática”, disse a Rainha. “Quando eu era da sua idade, sempre praticava meia hora por dia. Ora, algumas vezes cheguei a acreditar em até seis coisas impossíveis antes do café da manhã.”

Vamos encerrar pensando em seis coisas impossíveis: 1. O ônibus estará vazio e você filosofará tranquilamente; 2. O motorista dirigirá na velocidade ideal; 3. Você não estará atrasado; 4. Você não terá esquecido nada em casa; 5. Não estará chovendo; 6. O dia ideal existe e o país das maravilhas também. 


2 comentários:

  1. Tou aqui pra retribuir a visita ao meu blog. Esse post me lembrou a musica "ponto de onibus" do ultraje. HAhahah. mas pense que é um mal que vem pra o bem, já pensou que se todo mundo fosse de carro a poluição e o congestionamento que ia causar?

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  2. Concordo com o Pedro e é isso q penso cada vez q saio de casa uma hora mais cedo para pegar o busão: 'pelo menos contribuo com o meio ambiente'. Enquanto isso o meio ambiente da minha alma vai apodrecendo, mas antes eu que a natureza. ehhehe...bjos!

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